galera se liga no meu tumblr FUCK ME HARD ZEUS apenas imagens do deus dos deuses mandando ver nas quebrada nao marginais



IT'S OH SO QUIET

A todos que frequentam o "Nem por todo chá na China", minhas mais sinceras desculpas. É que tenho passado as últimas semanas escrevendo febrilmente minha monografia sobre tipografia contemporânea, com foco no trabalho de Elaine Ramos, diretora de arte da Cosac Naify, enquanto designer de livros.

O texto está recheado de discussões emocionantes sobre a disposição de notas de rodapé em livros "de texto", a correlação coerente de margens em formatos de proporções irracionais, e o uso de metáforas históricas na construção de narrativas visuais em miolos de livro . Enfim, a receita perfeita para qualquer não-aficcionado por tipografia cair no sono e menos de cinco minutos.

Apesar de estar disposta a entregar o trabalho "redondinho" só no fim desse ano, estou me esforçando para adiantar seu texto o máximo o possível, já que nesse feriado de Corpus Christi, se tudo der certo, vou me encontrar com meu "objeto" de pesquisa. É claro que estou ansiosa, e imagino que Elaine também: afinal, quem não se assustaria com um geek desfilando uma cacetada de informações sobre a natureza dos seus livros?

No mais, estou bem, e prometo escever sobre qualquer coisa por aqui que não tipografia.

NOT!

Durmo e acordo pensando nessa monografia. O céu é o limite, menina!

por Amanda Meirinho, em 31.5.09 | 0 comentário(s)




LET YOUR BODY MOVE TO THE MUSIC

Ontem Pedro Acosta me ligou para acertarmos alguns detalhes sobre a filipeta da performance dele, e, no embalo da conversa, ele me perguntou quando é que eu vou fazer meu comeback à cena festeira carioca. Bem, eu ensaiei um comeback há algumas semanas, quando teve a Pedalinho, mas choveu tanto no dia que eu achei que não ia ser uma boa ir assim desprevenida em um evento ao ar livre? Pedro me disse que a Pedalinho, malgrado a filipeta maravilhosa, foi uma puta furada, mas por isso eu já esperava. Eu adoro os meninos que fazem (faziam?) a Hang the Dj, mas a última que fui foi tão ruim, mas tão ruim, que só de saber que eles vão assinar a produção já fico ressabiada. Não que a culpa tenha sido só deles: essa Hang foi na Bunker, e quem conhece aquele lugar sabe do que estou falando. Bem vindo ao planeta dos macacos.

Na verdade, eu gosto é da Casa da Matriz, mas, como sou super bem casada e só tenho amigo gay, fica complicado de ir a um antro hétero desacompanhada. Não que algum solteiro vá necessariamente mexer comigo; se tem uma coisa que Léo Feijó e cia souberam manter foi a finesse do público frequentador. Só que fica meio chato arrastar uma bicha pra lá e ver a coitada encalhada ao som de alguma bandinha indie desconhecida. Tanto que, 20 de Abril, véspera de feriado, tentei ir pra Maldita, pois estava seca pelo indie roots de Zé e Gordinho desde setembro de 2007, mas não rolou, por dois motivos: porque Maldita em véspera de feriado é garantia de Matriz superlotada, e porque eu estava com o Robson, que não ia curtir muito as menininhas de óculos de aro grosso dançando a trilha sonora de Juno com a cara pra parede. Entrar eu até entrei, mas saí rapidinho.: me despedi do Fel, peguei minha comanda, resgatei o Robson da fila que já virava o quarteirão, e fomos tomar alguma coisa na Lapa, que é mais perto de casa, tem mais gente bonita, e dá pra respirar tranquilo.

A Hang e a Maldita eram festas que eu ia quando ainda precisava de identidade falsificada. Com o tempo, a gente assume responsabilidades, e nosso saco para festinhas vai diminuindo. Agora, com o Arthurzinho ainda sendo amamentado, fica difícil seguir essa rotina.

O mesmo eu não posso dizer dos meus amigos. A maioria parece ter seguido a tendência natural de mudar o endereço da balada com a virada dos 20's. A não ser no caso do Pedro, que foi formalmente expulso do grupo Matriz após ahazar em uma festinha, a maioria trocou as baladinhas indie por outras alternativas, como o Lounge 69, ou a Dama de Ferro. São boas escolhas, sem dúvida, apinhadas de gente bonita em clima de paquera; e o melhor, os héteros estão em minoria. Alguns estão até mudando de time: a Carol G, de frequentadora do Lounge 69 virou produtora de uma nova festa, a Moist, que possui essa filipeta linda:


Eu fechei o arquivo para impressão, daí meu carinho pela peça. A arte, do Thiago Noronha, é no mínimo bastante ousada e inventiva. Bem, dado o dj set, o resultado deve ser no mínimo satisfatório para quem curte mashups e toda a parafernália digital que tranformou todos os indies em hipsters. Recomendo.

Além da Carol G, a Letícia Monteiro também produz (e toca) na mega-ultra bombada Candy party com o Gabriel e a Larissa, e, ano passado, Millos, Bruno Americano e companhia fizeram a W, que acabou quando o público passou a ficar mais tempo esperando a cerveja no bar do que dançando na pista. Aliás, o Millos parece ter se encantado mesmo com esse negócio de festeria. Além de ter presença marcada na Moist, há algum tempo ele tocou e produziu a Os Ritmos Digitais, que, além de proposta musical mais consistente, tinha uma filipeta maravilhosa, assinada pela Camila Papavaitsis:


Além dos amigos já citados, da minha geração, o Pedro Acosta também resolveu entrar nessa vida de produtor, e fez três ou quatro edições da Seis com alguns amigos, como a Mira, que agora está com ele e o Pedro Rios (um dos meninos da Hang the Dj, aliás) na produção da Surpresa. A festa, que não tem filipeta at all, pois eu mandei mal dessa vez, é nessa quinta, e tem um blog bastante bacaninha: http://festasurpresa.wordpress.com/.

Bem, a lista é longa, e os jabás são muitos (e sinceros). Fato é que gosto muito das pessoas que citei, mas estou tão defasada em matéria de festinhas que meu maior contato com elas é pela leitura do setlist. As festas estão deixando de ser apenas eventos isolados e se tornando verdadeiros projetos paralelos, com blogs de conteúdo e blip fm lotados. E isso tudo nas mãos de uma turminha com menos de 25 aninhos. Let your body move to the music.

ps: a performance do Pedro Acosta é amanhã, às 19:30h, no Salão Muniz Aragão, no Fórum de Ciência e Cultura no campus da UFRJ, e a filipeta é essa:


Não é um luxo?

por Amanda Meirinho, em 12.5.09 | 1 comentário(s)




HALF A PERSON

Me dói o coração quando me chamam de diagramadora. É que, assim, etimologicamente, diagramador é quem coloca as coisas na grade. Só que eu faço bem mais do que isso. Eu projeto a grade, e, se quiser, desprojeto, sem dó nem piedade. É como confundir uma costureira com um couturier.

Por diagramador se entende o profisisonal que opera a máquina de tipos aplicando as normas técnicas ditadas pelo designer para o livro. Bem, se eu estivesse fazendo isso digitalmente com o trabalho dos outros, até valeria a pena a denominação. Mas meu trabalho não é esse. Eu sou a designer. Eu dito as regras. Eu mando nessa porra.

Um dos incidentes que mais me irritou EVAAAH foi quando um produtor resolveu mudar o formato de um projeto de vendas de 23X16cm (isso mesmo, 23X16cm) para um 14X21cm. E ele queria que eu fizesse isso em menos de uma hora. Quando eu disse que ia demorar pelo menos um dia, ele mandou um "ué, mas é só rediagramar".

Diagramar é rigorosamente enfiar as coisas em uma grade. Uma grade é apenas um sistema matemático de organização dos elementos textuais e pictóricos em um impresso.

Quando estamos falando de livros, é difícil encontrar um que não siga uma grade. Normalmente, apenas alguns livros sobre arte ou infantis "quebram" a grade, colocando o texto e as imagens de forma "solta" pela mancha gráfica. Mas esses são casos bastante isolados. Em livros de texto, a grade é regra. Uma grade bem-feita define se o livro vai ser mais gostoso de ser lido ou não, e deve ser pensada em união com a tipografia desejada, respeitando as proporções.

Por exemplo, nesse livro de texto, a grade definida para o miolo e abertura de capítulos por mim é essa:


Com o texto, ela fica assim:


É uma grade bastante funcional para um livro composto com uma fonte com um olho tão "gordinho" quanto a Sabon (do grande Jan Tschichold). A fonte auxiliar é a Bell Gothic e Centennial, tipos criados para listas telefônicas da AT&T por Chauncey H. Griffth e Matthew Carter, respectivamente (errata). É a fonte que a Oi usa nas campanhas dela. Familiar, não?

Esse livro faz parte de uma coleção, daí a simplicidade de sua grade, que deve ser facilmente adaptável. Quem teoricamente diagrama segue apenas uma grade que alguém já teve o trabalho de construir, como uma criança brincando de ligar os pontos com giz. É uma tarefa chata? Não, de jeito algum. Mas, no meu caso, eu sou a responsável pelo projeto gráfico também.

Desde que se criou os programas de composição no computador, essa divisão entre projetista-diagramador é praticamente inexistente. Já que você criou os estilos, por que não levar em frente seu projeto? É uma garantia de trabalho bem feito, sem dúvida.

Bem, é mágoa de cabloca a minha. Gosto do que faço, só não curto rótulo pra menos. É o tipo de denominação que desanima, sabe?

por Amanda Meirinho, em 12.5.09 | 2 comentário(s)




EGO TRIPPING AT THE GATES OF HELL

Provavelmente estou sendo terrivelmente chata, ou, precisamente, pernóstica, mas trabalhar para mim envolve pesquisa, e muita, antes de tomar qualquer efeito "bonitinho" por definitivo. Sim, estou nessa editora há menos de um mês, mas a demanda é relativamente grande, de forma que trabalho ao mesmo tempo em três projetos de miolo e capa com a calma que eles merecem e precisam. E tem dado certo, porque, no fundo, é assim: ou você acha que esse negócio de tipografia é intuitivo, que vem quando a gente fecha o olho e pronto, ou você mergulha em um monte de livros antes de se decidir. E eu sempre caio para o lado da pesquisa.

Por exemplo; para um desses livros, estou usando Apollo, uma fonte de texto discreta, que possui um desenho tão bom quanto qualquer fonte clássica, apesar de ter sido projetada em 1964. Acompanhando, vem a Frutiger, sem-serifa originalmente pensada para a sinalização do aeroporto de Paris, mas que vai muito bem uma página de texto. Ambas são criações de Adrian Frutiger, o que justifica em parte a harmonia da composição, embora não seja apenas de boa tipografia que é feito um bom projeto de livro. O formato é padrão: 14X21cm, miolo em uma cor, capa a quatro ou duas cores (CMYK ou Pantone, com parcimônia), papel offset (branco e áspero) para o texto. E, mesmo assim, creio ter encontrado a beleza. O resultado, em texto cego, é esse:


O esforço aqui é fazer de um livro de estudo uma leitura agradável, com cuidado para não tornar o trabalho excessivamente autoral, como é o caso da disposição pouco usual das notas. Há uma linha tênue entre o trivial e o sublime, e entra aí uma boa dose de bom-senso: o sublime, em um livro de texto, não é pra ser uma camisa de força, e sim um exercício de paciência e sensibilidade.



As notas são incluídas em um corpo um tanto menor exatamente na linha onde aparece a referência, em um quadradao de texto que avança um pouco a mancha gráfica, o que justifica as margens internas exageradamente largas. É uma solução bonita, sim, mas pouco prática, pois não consigo automatizar sua disposição na mancha como é o caso das notas de rodapé. Estou lidando com apenas 45 notas em um livro de pouco mais de duzentas páginas, porém. Não chega a ser um pesadelo.

Os códices medievais possuiam as notas nas margens externas, já que a proporção 2:3:4:6 as fazia largas o suficiente para tanto. Os padrões atuais de livros de texto não permitem projetos tão generosos assim, de forma que as notas costumam ser mandadas para o rodapé, quando não são relegadas a umas tantas páginas ao fim do livro. Das três soluções, a mais antiga é definitivamente a mais amigável para o leitor, só que seu uso em livros de texto é tão raro quanto uma publicação em um outro formato que não 12X18cm, 14X21cm ou 16X23cm. E livros de estudo precisam caber em uma mochila.

Publicações acadêmicas são livros que devem poder ser lidos tanto no metrô quanto numa escrivaninha. Dificilmente alguém os deixaria como decoração em uma mesa de centro, ou o exibiria como objeto de arte em uma reunião entre amigos. Esses livros tem que poder ser esgarçados por um polegar sem estragar seu conteúdo. Eles precisam poder ser anotados e marcados sem serem estragados, precisam enfim se tornar um joguete na mão do leitor. Eles não podem, nem merecem, ser feios, e, engraçado, normalmente o são. Suas capas mal trabalhadas frequentemente se tornam cinzas com a poluição de um dia. A ausência de orelhas os transforma em tijolos tortos, com as páginas ensebadas e amassadas, que os faz serem relegados com certo nojo ao fundo de uma gaveta Sua vida é tão efêmera quanto a chegada de uma nova edição comentada, o que é uma tremenda injustiça.

Transformar as gatas borralheiras do design em uma pequena manifestação do sublime é páreo duro, e muitos optam pelo banal no meio do caminho. As soluções mais simples nem sempre são as mais acertadas, pois o resultado se torna pouco criativo em sua funcionalidade. Claro que, criatividade, nesse caso, não é nenhum exercício de pirotecnia, e sim ao meu ver bom uso dos elementos de estilo tipográfico à sua disposição. No miolo do livro em questão, o tom autoral está na disposição das notas, que são emolduradas pelo texto sem agredi-lo. O efeito é bonito e discreto, e, o melhor, prático para leitor, apesar de ser um tanto trabalhoso para mim. Em se tratando de uma coleção, esse tipo de nota é pouco recomendado, pois seu feitio não-automatizado dá margem para erros de composição: o que fazer se a nota avança por duas páginas, por exemplo?

Bem, já chega de falar de trabalho. Outro dia confessei para Leonardo que não leio livros de graça desde que comecei a fazê-los, mas ainda vive em mim uma certa reverência pelos que vão ler os livros que faço. Espero assim estar sendo útil para a sociedade. Ah, essas crianças...!

por Amanda Meirinho, em 3.5.09 | 2 comentário(s)




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"Nem por todo chá na China" é uma corruptela da expressão "nem por todo o chá da China", que quer dizer "nem que a vaca tussa", "nem daqui a mil anos", ou, enfim, "nunca". O título é uma tradução livre de um trecho de All my Little Words, The Magnetic Fields: Not for all the tea in China/Not if I could sing like a bird /Not for all North Carolina/ Not for all my little words.

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