galera se liga no meu tumblr FUCK ME HARD ZEUS apenas imagens do deus dos deuses mandando ver nas quebrada nao marginais



HALF A PERSON

Me dói o coração quando me chamam de diagramadora. É que, assim, etimologicamente, diagramador é quem coloca as coisas na grade. Só que eu faço bem mais do que isso. Eu projeto a grade, e, se quiser, desprojeto, sem dó nem piedade. É como confundir uma costureira com um couturier.

Por diagramador se entende o profisisonal que opera a máquina de tipos aplicando as normas técnicas ditadas pelo designer para o livro. Bem, se eu estivesse fazendo isso digitalmente com o trabalho dos outros, até valeria a pena a denominação. Mas meu trabalho não é esse. Eu sou a designer. Eu dito as regras. Eu mando nessa porra.

Um dos incidentes que mais me irritou EVAAAH foi quando um produtor resolveu mudar o formato de um projeto de vendas de 23X16cm (isso mesmo, 23X16cm) para um 14X21cm. E ele queria que eu fizesse isso em menos de uma hora. Quando eu disse que ia demorar pelo menos um dia, ele mandou um "ué, mas é só rediagramar".

Diagramar é rigorosamente enfiar as coisas em uma grade. Uma grade é apenas um sistema matemático de organização dos elementos textuais e pictóricos em um impresso.

Quando estamos falando de livros, é difícil encontrar um que não siga uma grade. Normalmente, apenas alguns livros sobre arte ou infantis "quebram" a grade, colocando o texto e as imagens de forma "solta" pela mancha gráfica. Mas esses são casos bastante isolados. Em livros de texto, a grade é regra. Uma grade bem-feita define se o livro vai ser mais gostoso de ser lido ou não, e deve ser pensada em união com a tipografia desejada, respeitando as proporções.

Por exemplo, nesse livro de texto, a grade definida para o miolo e abertura de capítulos por mim é essa:


Com o texto, ela fica assim:


É uma grade bastante funcional para um livro composto com uma fonte com um olho tão "gordinho" quanto a Sabon (do grande Jan Tschichold). A fonte auxiliar é a Bell Gothic e Centennial, tipos criados para listas telefônicas da AT&T por Chauncey H. Griffth e Matthew Carter, respectivamente (errata). É a fonte que a Oi usa nas campanhas dela. Familiar, não?

Esse livro faz parte de uma coleção, daí a simplicidade de sua grade, que deve ser facilmente adaptável. Quem teoricamente diagrama segue apenas uma grade que alguém já teve o trabalho de construir, como uma criança brincando de ligar os pontos com giz. É uma tarefa chata? Não, de jeito algum. Mas, no meu caso, eu sou a responsável pelo projeto gráfico também.

Desde que se criou os programas de composição no computador, essa divisão entre projetista-diagramador é praticamente inexistente. Já que você criou os estilos, por que não levar em frente seu projeto? É uma garantia de trabalho bem feito, sem dúvida.

Bem, é mágoa de cabloca a minha. Gosto do que faço, só não curto rótulo pra menos. É o tipo de denominação que desanima, sabe?

por Amanda Meirinho, em 12.5.09 |




2 comentário(s)
Blogger sandro lopes designer disse…

Agradável. Convido-a a experimentar a Sabon Next, que Kobayashi redesenhou. Os espacejamento da Sabon, como sabe, como concebida para a Linotype, por isso o itálico é menos condensado que nas outras serifadas correntes, para obter uma manutenção ds espaços dos caracteres. O redesenho está muito interessante e o itálico muito melhor que o original, com swashes e glifos alternativos. Abraço.

3 de junho de 2009 às 06:26  


Anonymous Henrique disse…

O layout ficou muito bom.

Ah, diagramação... Uma das áreas mais interessantes do Design, junto com a criação de cartazes. Não tenho ressalvas ao termo, já que sempre o compreendi num sentido lato — da criação da grade à editoração.

Ótimo blog. Já lia seus textos antigamente, quando ainda escrevia o "Artimanhas Viciosas". Na época, eu mantinha o "Por Água Abaixo". Hoje cheguei aqui por acaso, depois de uma bizarra busca por "alechat" que caiu no seu blog antigo. Gostei do novo foco, legal ver mais um ECOíno enveredado pelo mundo do design.

23 de junho de 2009 às 09:49  


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"Nem por todo chá na China" é uma corruptela da expressão "nem por todo o chá da China", que quer dizer "nem que a vaca tussa", "nem daqui a mil anos", ou, enfim, "nunca". O título é uma tradução livre de um trecho de All my Little Words, The Magnetic Fields: Not for all the tea in China/Not if I could sing like a bird /Not for all North Carolina/ Not for all my little words.

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