MATURANDO A CAPA BRANCA
Conversando com o Fernando a respeito da capa branca, decidi criar outro desenho de manícula, que estivesse mais de acordo com as linhas curvas e não-curvas da Charter. O resultado foi um indicador afirmativo e autoritário.A proposta inicial era usar a manícula da Wood Type, fonte de caracteres especiais do Adobe font folio que remete à xilogravura. Só que o desenho da Wood Type acima de 72 pontos não é muito bom, já que a fonte foi criada para se comportar em tamanho de texto apenas.
Com a criação da nova manícula, cheguei a alguns layouts de capa. A ideia é mostrar como direcionamentos ineficazes geram problemas de comunicação. Os elementos foram dispostos de forma ordenada e autoritária, remetendo às políticas públicas ineficientes que descaracterizaram a prática docente. A melhor disposição dos elementos, ao meu ver, é essa: O terceiro layout é mais "limpo" do que os outros. Foram feitas duas mudanças principais: primeiro, o corpo do título do livro, subtítulo e autores foi recalculado para se articular melhor com o tamanho reduzido das manículas. Depois, a disposição das manículas foi ajustada, para se alinharem de forma mais coesa ao grid.
Essas duas alterações aumentam os espaços em branco da capa, remetendo à diposição 1:3 do corpo de texto no miolo do livro.
Mas essa ainda não é a versão definitiva da capa. O layout precisa de ajuste fino, em especial no desenho das manículas. Não sei se vou ter tempo de chegar a um resultado final ainda mais coerente com o traço da Charter, porém. Só acho que estou no rumo certo.
por Amanda Meirinho, em 29.9.10
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UMA CAPA BRANCA
5. Papel branco, e até branco-puro. Sumamente desagradável para os olhos e uma ofensa à saúde da população. Uma leve tonalidade (marfim e mais escuro, mas nunca creme), jamais importuna, costuma ser melhor. 6. Capas brancas de livros. Igualmente consternadoras. São quase tão delicadas quanto um terno branco. Jan Tschichold, A forma do livro.
Num primeiro momento apresentei um projeto de capa preto, como texto em branco, e os demais elementos em vermelho . Não funcionou. Porque a capa remete à xilogravura. O elemento visual mais presente é a adaptação de um dos ornamentos da Adobe Wood Type. Me pareceu mais coeso deixar a capa na cor natural do papel, ou seja, branca. A capa branca remete ao leitor das suas responsabilidades com a conservação do livro. No caso, responsabilidade dobrada, já que a capa, além de branca, é não-laminada. Ou seja: qualquer mancha, qualquer descuido, qualquer ranhura é impresso pra sempre na capa do livro.
Do ponto de vista econômico, laminar encarece os custos de impressão em pelo menos R$0,30/livro. Ambientalmente, laminar significa colocar uma película de polipropilenoBiorientada (BOPP) e politereftalato de etileno (PET)sobre o livro; ou seja, plástico. E plástico não é biodegradável. Logo, laminar, além de encarecer o livro, polui.
Pessoalmente, acho que as marcas da leitura agregam história ao livro. Estamos acostumados à coisas lisas demais. Impermeabilidade é sinônimo de assepsia. Mas será que o livro ganha sendo asséptico?
Quantos leitores não usam as margens para anotações? A cola dos post-its, orelhas usadas como marca-páginas... marcas que servem para lembrar que livros foram feitos para serem lidos. Para serem manuseados, tocados e empoeirados. Sejamos honestos e deixemos o livro ganhar, e não perder, ao envelhecer.
E, bem, Tschichold também fez capas brancas. Talvez ele tenha entendido também o livro como um objeto orgânico. Não sei.
Mas é fato que esse livro soube envelhecer.
por Amanda Meirinho, em 21.9.10
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"Nem por todo chá na China" é uma corruptela da expressão "nem por todo o chá da China",
que quer dizer "nem que a vaca tussa", "nem daqui a mil anos", ou, enfim, "nunca". O título
é uma tradução livre de um trecho de All my Little Words, The Magnetic Fields: Not for all the tea in China/Not if I could sing like a bird
/Not for all North Carolina/ Not for all my little words.
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