galera se liga no meu tumblr FUCK ME HARD ZEUS apenas imagens do deus dos deuses mandando ver nas quebrada nao marginais



UMA CAPA BRANCA

5. Papel branco, e até branco-puro. Sumamente desagradável para os olhos e uma ofensa à saúde da população. Uma leve tonalidade (marfim e mais escuro, mas nunca creme), jamais importuna, costuma ser melhor.
6. Capas brancas de livros. Igualmente consternadoras. São quase tão delicadas quanto um terno branco.
Jan Tschichold, A forma do livro.


Num primeiro momento apresentei um projeto de capa preto, como texto em branco, e os demais elementos em vermelho . Não funcionou. Porque a capa remete à xilogravura. O elemento visual mais presente é a adaptação de um dos ornamentos da Adobe Wood Type. Me pareceu mais coeso deixar a capa na cor natural do papel, ou seja, branca.

A capa branca remete ao leitor das suas responsabilidades com a conservação do livro. No caso, responsabilidade dobrada, já que a capa, além de branca, é não-laminada. Ou seja: qualquer mancha, qualquer descuido, qualquer ranhura é impresso pra sempre na capa do livro.

Do ponto de vista econômico, laminar encarece os custos de impressão em pelo menos R$0,30/livro. Ambientalmente, laminar significa colocar uma película de polipropilenoBiorientada (BOPP) e politereftalato de etileno (PET)sobre o livro; ou seja, plástico. E plástico não é biodegradável. Logo, laminar, além de encarecer o livro, polui.

Pessoalmente, acho que as marcas da leitura agregam história ao livro. Estamos acostumados à coisas lisas demais. Impermeabilidade é sinônimo de assepsia. Mas será que o livro ganha sendo asséptico?

Quantos leitores não usam as margens para anotações? A cola dos post-its, orelhas usadas como marca-páginas... marcas que servem para lembrar que livros foram feitos para serem lidos. Para serem manuseados, tocados e empoeirados. Sejamos honestos e deixemos o livro ganhar, e não perder, ao envelhecer.

E, bem, Tschichold também fez capas brancas. Talvez ele tenha entendido também o livro como um objeto orgânico. Não sei.



Mas é fato que esse livro soube envelhecer.

por Amanda Meirinho, em 21.9.10 |




2 comentário(s)
Anonymous Felipe Dário disse…

E faz sentido um livro de estudo ficar amarrotado.

Era essa a capa gilvincenteana de ontem? Eu não sei se as mãos apontam caminhos ou ameaçam inimigos.

22 de setembro de 2010 às 06:24  


Blogger Amanda Meirinho disse…

As mãos não apontam pra nenhum direção concreta, são autoritárias e vagas. =)

22 de setembro de 2010 às 11:07  


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"Nem por todo chá na China" é uma corruptela da expressão "nem por todo o chá da China", que quer dizer "nem que a vaca tussa", "nem daqui a mil anos", ou, enfim, "nunca". O título é uma tradução livre de um trecho de All my Little Words, The Magnetic Fields: Not for all the tea in China/Not if I could sing like a bird /Not for all North Carolina/ Not for all my little words.

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