galera se liga no meu tumblr FUCK ME HARD ZEUS apenas imagens do deus dos deuses mandando ver nas quebrada nao marginais



AND SOMEONE SAVED MY LIFE TONIGHT, SUGAR BEAR

Sou extremamente sensível às coisas que vêm do coração, e essa declaração de amor de Elton John à ribalta me emociona. Não que eu busque me identificar com a canção, o que de fato faço, pois sou extremamente egocêntrica, mas esse falsetto, essa energia, esse poder... não tenho como afetar frieza diante da criação artística.




A faixa é um ode ao egoísmo de Elton John. A letra, de Bernard Taupin,
se refere a algum momento em 1969, antes do cantor se tornar famoso, quando ele considerava se casar com sua namorada, Linda Woodrow. Ambos estavama dividindo um apartamento com Taupin na rua Furlong no East End londrino, o que é evidente pela estrofe inicial da canção, "When I think of those East End lights". Confuso, John chegou a considerar o suicídio. Ele procurou apoio em seus amigos, especialmente Long John Baldry, que convenceu o cantor a abandonar seus planos de se casar e levar adiante sua carreira artística. Como sinal de respeito e gratidão por Baldry, Taupin o inseriu na letra como "someone" em "someone saved my life tonight", e como o "Sugar Bear" mencionado mais adiante. (fonte: Wikipedia, http://en.wikipedia.org/wiki/Someone_Saved_My_Life_Tonight)
Não tenho pena de Linda Worrow. De noivas abandonadas o inferno está cheio. Me admira, sim o colhão de Elton John, em companhia de seus amigos, por terem composto algo assim.

And it's one more beer,
And I don't hear you anymore.
We've all gone crazy lately,
My friend's out there rolling,
Round the basement floor.


Elton John e Bernard Taupin, jovens. © The Elton John Archive

A letra é um longo desabafo contra a pretensa opressão da união estável versus o espírito livre do artista. Uma mulher que já não é mais companheira de um homem que vê nela um empecilho para brilhar. Cruel? Sem dúvida. Observem:

You nearly had me roped and tied,
Alter-bound, hypnotized,
Sweet freedom whispered in my ear
You're a butterfly,
And butterflies are free to fly,
Fly away, high away bye bye.


Uma vez distanciado o contexto inicial em que a canção foi criada, no caso, o fim de um relacionamento saturado, sobram versos poderosos, otimistas e, porque não, imaturos. Entusiasmados.

And I would have walked head on
Into the deep end of the river,
Clinging to your stocks and bonds
Paying your H.P. demands forever.
They're coming in the morning
With a truck to take me home


Novamente, não sei qual a relação entre Elton John e Linda Worrow. Considero desrespeitosa, porém, a ideia de que a arte nos liberta do nosso lado mais sombrio. Sou pessimista. Quanto mais nos movemos, mais pesadas são as correntes que nos prendem ao mundo, e Elton John, Bernie Taupin, Linda e o Sugar Bear Baldry já devem ter notado isso.

Precisa de legenda? © The Elton John Archive

O que só torna o vídeo de 2006 de La Chapelle mais fantástico. É o timing da vida, gente, sendo irado como sempre. Não é?

por Amanda Meirinho, em 26.4.10 | 1 comentário(s)




FERRIS BUELLER'S DAY OFF

Ontem resolvi apresentar John Hughes para minha vizinha de oito anos. Não consegui. Os primeiros minutos de Curtindo a vida adoidado, dublado, foram o suficiente para ela achar o filme estranho, e ir para o computador jogar paciência. Não a culpo... coloquei o dvd no áudio original, e, recostada em um pufe, me dediquei à tarefa de mais uma vez me emocionar com esse clássico da Sessão da Tarde.


Ferris Bueller's day off é um filme melancólico, que trata de temas complexos, caros à idade inventada da adolescência, que se perdem nos cortes das exibições do filme na televisão. É a história de um rapaz egocêntrico, impossivelmente magnético, pretensioso e arrogante, que resolve aproveitar ao máximo um dia de verão.

Os motivos de Ferris para curtir são simples. Por ser a nona vez que falta à escola àquele ano, ele sabe que será difícil repetir a empreitada; e esse é seu último ano no colégio: as responsabilidades de jovem adulto se anunciam como o inevitável golpe de estado popular para um caudilho sul-americano. Portanto, imbuído do carpe diem ilusório de "ei, tem-se 16 anos somente uma vez, 'vamos curtir'", Ferris liga para seu melhor amigo deprimido, Cameron, e dá um jeito de tirar da escola sua namorada, Sloane, a fim de aproveitar ao máximo um dia ensolarado ao lado dos dois.

O que se segue é uma sucessão de acontecimentos divertidos e melancólicos, onde o egocentrismo de Ferris é usado para fazer desse o dia mais feliz de sua vida e de seus amigos. Sua camaradagem com Cameron é impressionante: o rapaz está perdido em suas próprias dores inventadas, "tão tenso que", nas palavras de Ferris, "se botassem um pedaço de carvão no rabo dele, dali sairia um diamante". É extremamente invasiva a postura de Ferris para fazer do amigo o que ele considera um homem, e, ao mesmo tempo, deliciosa a tensão criada a partir do carpe diem forçado.

A frieza arrogante e camarada de Ferris para com seu melhor amigo precisa ser quebrada em diversos depoimentos do rapaz para a câmera, pois nem o próprio espectador consegue compreender suas verdadeiras intenções. E, mesmo abrindo seu coração para nós, o charme de Ferris Bueller faz dele too cool for school, colocando seu melhor amigo na confortável posição de coadjuvante de si mesmo. Cameron é um panguá, Ferris, é o anti-panguá. É uma amizade e tanto.


Sloane, a namorada de Ferris, é uma menina lânguida e sofisticada. Uma dama de dezesseis anos, que não leva o namoradinho à sério, pois não enxerga nele (e nem pretende enxergar) um Homem Apaixonado. De certa forma, a frieza de Ferris a contamina, e, embora não aparentem desconforto, Sloane e Ferris sabem que o relacionamento entre os dois é, provavelmente efêmero. Ferris constata isso quando pede Sloane em casamento na bolsa de valores, enquanto Cameron, solitário, imita os gestuais yuppies, e ela ri do namorado. Mas ele está falando sério: novamente, é preciso que Ferris olhe para a câmera e explique para nós, espectadores de seu carisma, suas intenções e sentimentos. Seu excesso de segurança o trai. Ele não aparenta ser louco pela menina, e nem ela por ele, muito menos têm os dois maturidade para extrair dessa tranquilidade material para enxergar daí um casamento. Cameron, pessimista, faz um comentário sobre a vida a dois arruinada de seus pais. É uma cena extremamente triste.


Quase tão cruel quanto a declaração de Ferris à Sloane é àquela em que ele se aproxima de uma parada e sobe no carro alegórico, deixando seu amigo e sua namorada temporariamente excluídos de sua felicidade. Ambos olham para Ferris com um misto de admiração e censura: seriam eles capazes de fazer o mesmo? Provavelmente, não. Ferris é impossível, de um charme juvenil que faz dele objeto de desejo e admiração por todos ao seu redor. Como diria Grace, a secretária do colégio, "The sportos, the motorheads, geeks, sluts, bloods, waistoids, dweebies, dickheads - they all adore him. They think he's a righteous dude."

Em sua solidão, Sloane, a columbina, e Cameron, pierrô, se dedicam a destrinchar o charme egocêntrico de Ferris, o arlequim. Ambos estão felizes por serem, acima de tudo, amigos do rapaz. Cameron começa a enxergar a vida com novas cores, e, ao meu ver, ele e Sloane flertam nessa cena. Inevitável: dezesseis anos, RESPIRANDO, nada mais normal do que flertar com o melhor amigo panguá do seu namorado.

Nada, porém, se anuncia. Ferris está tendo o SEU momento. Shake it all baby, twist and shout. Resta aos seus amigos abandonados esperar que ele saia do pedestal, e, sendo impossível reprimir seu comportamento, admitir com doçura a coadjuvância de suas próprias vidas.

Papel esse que Jeannie, irmã de Ferris, reluta em aceitar. Ela tem raiva. E tem razão: todos amam seu irmão, e ela, que nem namorado tem, só é lembrada por ser a irmã de Ferris Bueller. Jeannie é uma imagem patética da frustração, pois ela sabe que ninguém vence Ferris, mas não entende que não cabe a ela desmascará-lo, ou, simplesmente, desafiá-lo. Ela e Ed, o diretor do colégio, se lançam nessa tarefa, e, por ser esse um filme da Mtv sobre Ferris Bueller e não sobre outro adolescente qualquer, se dão muito, muito mal. Em níveis diferentes, claro. Pelo menos Jeannie ganhou um beijo de um desconhecido que mexeu sexualmente com ela. Pobre Ed. Dirt Harry às avessas.

Não há nada de transgressor no comportamento de Ferris. Ele é narcisista, como a maior parte dos jovens acha bonito ser. O julgamento do diretor da escola e de sua irmã é preciso, mas nada o atinge: ao final, Cameron, Sloane e Ferris conseguem se safar, cada um a seu modo, de ter seu dia arruinado. Cameron deverá enfrentar a ira de seus pais, o que parece ser necessário para que daí ele consiga, enfim, tomar prumo na vida; Sloane não tem o que temer, pois está com Ferris, cuja estrela brilha por ela, e, em um grau menor, para ela; e Ferris é Ferris.



Uma desconcertante mensagem é deixada porém, como uma despedida da adolescência rumo à idade adulta. Talvez Ferris, Cameron e Sloane tenham continuado amigos, talvez suas vidas tenham tomado novos rumos e o amor os tenha dilacerado. Não há como mensurar o impacto da idade adulta, imposta no momento mais esfuziante de suas curtas vidas. As reticências se espalham ao final do filme, como as primeiras estrelas que brilham no céu ao final daquele que foi, sem dúvida, o dia de folga mais importante de vida de Ferris Bueller. Nas palavras dele: "Life moves pretty fast. If you don't stop and look around once in a while, you could miss it."


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Irado o timing da vida, Ferris. Irado.

por Amanda Meirinho, em 12.4.10 | 5 comentário(s)




EU VOU E VOLTO ENTRE TEUS RINS

Haters gonna hate, mas, taí um homem de verdade.



Recortaria a cara da Jane Birkin e colocava a minha nesse vídeo de boa. É uma das coisas mais tocantes que já vi na internet. Estou realmente emocionada.

Parece que a versão original dessa chanson foi feita originalmente em 1968, época em que o Gainsbarre estava com ninguém menos, ninguém mais, do que Brigitte Bardot. A bela implorou para que a gravação não fosse posta em público, pois ameaçaria seu casamento, e Serge, perfeito cavalheiro que era, atendeu seu pedido. O amigo André Duchiade, que me chamou a atenção recentemente para a obra poética de Gainsbourg, me disse que a gravação com a Bardot é ainda mais ardente do que a escandalosa versão que veio ao público, mas, eu ainda não a ouvi.

Outro bom vídeo, com uma vibe menos feliz, cuja historinha eu, infelizmente, não conheço.



Joakim, Lonely Hearts, 2007. Dirigido por Camille Enrot.

por Amanda Meirinho, em 6.4.10 | 2 comentário(s)




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"Nem por todo chá na China" é uma corruptela da expressão "nem por todo o chá da China", que quer dizer "nem que a vaca tussa", "nem daqui a mil anos", ou, enfim, "nunca". O título é uma tradução livre de um trecho de All my Little Words, The Magnetic Fields: Not for all the tea in China/Not if I could sing like a bird /Not for all North Carolina/ Not for all my little words.

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