galera se liga no meu tumblr FUCK ME HARD ZEUS apenas imagens do deus dos deuses mandando ver nas quebrada nao marginais



TUTORIAL, PARTE 3: CORRELAÇÃO COERENTE ENTRE MARGENS E O FORMATO DO LIVRO

Quando penso em dar forma para a mancha gráfica do livro, procuro não me ater necessariamente a este ou aquele cálculo pré-estabelecido para definir suas margens. Normalmente, cálculos clássicos como a proporção áurea me dão margens internas estreitas demais para o fraco serviço gráfico com o qual terei de recorrer, e, como não costumo gozar de orçamentos confortáveis o suficiente para me permitir margens inferiores tão largas, acabo por desenvolver eu mesma as correlações geométricas, via de regra, no limite da adequação tipográfica, para os livros de estudo por mim preparados.

Costumo verificar, primeiro, qual a propoção do formato adotado por mim, antes de definir suas margens. Por exemplo; o cálculo da proporção áurea, além de ser confortável demais para minhas responsabilidades como produtora gráfica, não cai bem em um livro que não adote as proporções 2:3 em seu formato; e, como não nutro especial apreço por esse tipo de retângulo, considerado por mim excessivamente largo, calha que raramente faço livros nesse formato (14X21cm, por exemplo).

A definição das margens está para mim tão intimamente conectada ao espírito do livro quanto a escolha das tipologias, e, por conseguinte, de sua entrelinha. Como sou uma defensora do grid matematicamente perfeito na composição de livros de texto, não deixo de seguir, portanto, o "numeral absoluto" que "fecha" o meu grid na definição de suas margens, pois ao fazê-lo garanto, assim, a coerência do meu projeto gráfico.

Por exemplo; em Percursos Geográficos, compilação de artigos feitos por uma geógrafa de renome nas décadas de 1960-1980, adoto a mesma proporção 5/8 usada em Mediações Históricas. Não obstante, optei por fazer um livro ligeiramente "mais alto" do que o anterior, que tem 14,28x22,7cm (405x645pt).

Com 14,3X22,9cm (406,25X650pt), Percursos Geográficos possui as mesmas proporções do grid de Mediações; sua entrelinha, porém, é ligeiramente maior, contando 16,25pt, em detrimento dos 15pt de Mediações. Percursos Geográficos é um livro bem menos extenso que Mediações, de forma que pude trabalhar com uma tipologia menos econômica do que a Apollo.

À primeira vista, a Apollo me pareceu econômica demais para um livro que parecia pedir por uma agudeza tão marcante quanto seus textos na composição de seu projeto gráfico. Optei então pela tipologia mais vivaz com a qual partilho alguma afinidade: a Electra, de Dwiggins.


Não me deterei, porém, em maiores observações a respeito da natureza da Electra como fiz com a Apollo e a Minion, até porque comparações desse tipo não teriam cabimento aqui; afinal, o desenho da Electra é radicalmente diferente do das duas outras tipologias em questão, bem como seu uso, que demanda um projeto gráfico bem menos econômico.


Tendo em mente a altura x elevada da fonte, optei por utilizá-la de forma que não parecesse afogada na mancha gráfica. Ajustei, portanto, seu corpo para o tamanho 10, de forma que as letras minúsculas preenchessem apenas 25% da entrelinha. Novamente, esta decisão foi tomada porque o livro em questão não é muito extenso, logo, não precisei me preocupar muito em economizar papel.

O resultado, com a mancha gráfica já definida, me parece bastante satisfatório.



DAS MARGENS DE PERCURSOS GEOGRÁFICOS


Novamente, parto do princípio que não existem fórmulas prontas satisfatórias para a defninção das margens do livro. Afirmação capciosa; afinal, termos como "intuição" não costumam ser usados por mim ao refletir sobre meu trabalho. Completo, porém, que, desde que certas regras sejam observadas, não me parece necessário elaborar cânones na definição das margens de um livro.

A primeira e mais importante regra é a sensibilidade do projetista. Saber qual o lugar que o livro em questão ocupará no mundo é a melhor resposta para a maior parte das dúvidas que os designers podem ter durante a elaboração do projeto. Por exemplo; para uma obra clássica de filosofia, margens superiores e inferiores grandes são mais indicadas, pois dão espaço o suficiente para que o leitor faça suas anotações. Um livro de culinária pede margens externas confortáveis, prevendo "acidentes" por parte dos cozinheiros de final de semana. E por aí vai.

Depois, como sou uma entusiasta do grid tipográfico, aconselho que o projetista se mantenha fiéis à unidade adotada na entrelinha (ent) para a elaboração de suas margens. No caso de Percursos Geográficos, suas margens interior e superior têm, cada uma, 48,75 pts, ou seja, 3ent; a exterior, 65pts (4ent), e a inferior, 81,25pt (5ent).

A proporção enunciada por mim como 3:3:4:5 não nasceu ao acaso, porém. Ela é fruto de alguns cálculos, meus, para além da observação empírica de qual retângulo parecia compor melhor com o livro em questão.

Geometricamente, meus cálculos são assim representados:


Não costuma ser expediente dos manuais de tipografia explicar o porquê de tantas retas para traçar algo à primeira vista tão simples quanto as margens de um livro. A maior parte dos autores que se dispõe a publicar esses diagramas os deixam sem legendas, provavelmente por considerarem-los auto-explicativos. Pessoalmente, classifico essa posição comoequivocada, pois deixa a maior parte dos "não-iniciados" tentados a deixar de lado as investigações geométricas que quase sempre estão por trás do "bom design" de livros.

Peço paciência aos que não gostam de fazer contas, e parto para as sabatinas.


1- O formato de página adotado segue a proporção 5:8. Essa proporção deriva de um hexágono. Isso se dá porque a medianiz do hexágono tem a mesma largura de dois spreads do livro, bem como a largura da página é igual aos lados deste.


2- O círculo branco na página à esquerda representa o centro da página, que também é marcado por uma das extremidades do hexágono inscrito na página à direita.


3- O círculo grande, destacado em vermelho na página à direita, possui diâmetro igual à largura dessa mesma página. Ele é usado para traçar a o triângulo, também destacado. O maior lado do triângulo é a diagonal da página do livro. Os outros dois catetos têm seu ponto marcado pela interseção com o círculo. É a partir dessa interseção que traço as margens superior e exterior.


4- O círculo superior em destaque, que aparece cortado no diagrama, é marcado a partir do círculo grande, do tópico 3. Seu centro marca a intereseção entre a largura e a altura da página. A partir do centro desse círculo, uma reta é traçada até a medianiz do livro; a diagonal. É a partir da diagonal que a margem inferior e interior é marcada.

As demais retas são marcações que optei por não seguir no posicionamento dos cabeços e numerais de página do livro, pois me pareceram rígidas demais, mesmo tendo eu usado a duríssima DIN Mittleschrift como tipologia auxiliar.

***

A maior parte dos designers que conheço não costuma traçar as retas que elaborei aqui para a definição das margens de um livro. A observação empírica ainda é a grande ferramenta, para o projetista sensível: a matemática está aí, porém, para provar que bons resultados não são fruto do acaso.

Se você estiver com tempo, tente procurar os "traços" por trás de um projeto de livro de sua preferência. O designer experimentado pode ou não ter lançado mão da matemática para elaborá-lo, mas resultados harmoniosos costumam ter sempre alguns cálculos escondidos em sua beleza.

No mais, peço desculpas pela demora na publicação dessa "PARTE 3" do Tutorial. Esmiuço aqui apenas os meus métodos de trabalho, e não digo de formal alguma que o que penso "é certo". Não tenho essa pretensão; e, aliás, se alguém trabalhar de um jeito diferente do meu, por favor, entre em contato! Adoro uma boa conversa type geek quase tanto quanto gosto de brincar com meu filho. =)

por Amanda Meirinho, em 23.10.09 | 4 comentário(s)




INTERLÚDIO: PORTFOLIO

Atualizei meu portfolio no cargo collective.

Não roda no IE6 (o que me deixou bastante feliz), mas o código é cheio de javascripts chatinhos que talvez não rodem no Iphone e em outras plataformas (tele)móveis.


Se você que está lendo meu blog agora não conseguir acessar meu portfolio, por favor, me avise, que tomarei as providências necessárias.

Até!

por Amanda Meirinho, em 14.10.09 | 5 comentário(s)




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"Nem por todo chá na China" é uma corruptela da expressão "nem por todo o chá da China", que quer dizer "nem que a vaca tussa", "nem daqui a mil anos", ou, enfim, "nunca". O título é uma tradução livre de um trecho de All my Little Words, The Magnetic Fields: Not for all the tea in China/Not if I could sing like a bird /Not for all North Carolina/ Not for all my little words.

Header: Leda e o Cisne, Giampietrino, 1495–1549.

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