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CHARTER ITC E O GRID 2:3

Acho engraçado como certas fontes parecem ter sido criadas para se comportar bem nesse ou naquele formato, tendo um desempenho mais ou menos satisfatório de acordo com o objeto proposto. Também me alegra ver que a escolha da tipografia rege absoluta a articulação dos demais elementos do design do livro, e a partir daí enxergar coerências e correlações que justifiquem a harmonia do projeto.


Com altura x elevada, olho adaptado para não ocupar com excessiva robusteza uma impressão offset, e modulações que lembram fontes clássicas, a observação da Charter ITC, de Matthew Carter, no miolo de um livro 14X21cm, é o tema do presente post.


QUANDO A FONTE É O GRID

Em posts anteriores comentei sobre minha relação obsessiva com grids modulares, de como considero importante articulá-los de acordo com a tipografia escolhida, e, se possível, adaptar o formato do livro para que as proporções matemáticas sejam respeitadas.

A fonte Charter ITC não foi minha primeira escolha para esse livro. Confesso que estava procurando por uma mancha bastante arejada, e, pelas minhas inclinações pessoais, pensei em um primeiro momento usar a Apollo, seguindo um grid definido anteriormente por mim para o formato 14X21cm. Não deu certo. Por quê? Porque um dos capítulos do livro vem com o uso excessivo do caractere "@" no corpo de texto, e Apollo, fonte criada em 1964, não vem com um @ articulado ao seu desenho. Portanto, optei por usar uma tipografia criada em 1993, e, para tanto, tive de adaptar meu grid à ela.

Charter ITC e Apollo são fontes com espíritos bastante diferentes. Enquanto a Apollo, atarracada e fluida, parece compor melhor tão mais arejada for a entrelinha, o mesmo não acontece com a Charter ITC.

Após alguns cálculos, optei pela seguinte articulação da Charter ITC no corpo de texto:


Não foi fácil chegar a esse resultado, porém. Para encontrar o tamanho de texto ideal para a Charter ITC, tive de rearticular o grid, e, principalmente, atentar para algumas questões no saber da fonte que se mostraram realmente fascinantes para mim.


ADAPTANDO O GRID


A tipografia de texto é pensada desde sua concepção para encaixar num formato, seguindo obcecadamente determinadas proporções até que se atinja a perfeição. Observar essas correlações é fundamental para que se mantenha a coerência na criação da mancha gráfica, e a harmonia do projeto como um todo.

O grid 1:1, apesar de matematicamente exato, não parecia cuidar bem de uma fonte mais "retangular" do que "quadrada". Fiz, então, algo que não costumo fazer: usei um grid 2:3, seguindo as mesmas proporções do formato do livro.


Grid 1:1, entrelinha de 15,25 pt


Grid 2:3: seguindo as mesmas proporções do livro.
Mantém a mesma entrelinha de 15,25 pt.

Apesar de, no caso, não alterar a percepção do livro o uso de um grid 2:3 em detrimento do 1:1, meu trabalho ficou mais fácil quando o adaptei. Tudo, de repente, pareceu se encaixar.


Surgiram várias correlações matemáticas no desenho da Charter ITC com o uso do grid 2:3. Observe: 1 indica a altura x (caixa baixa) da fonte, que ocupa 1/3 do eixo vertical do grid; 2 indica que um caracter da Charter ITC ocupa 1/2 do eixo horizontal do grid, e que mesmo com os ajustes de kerning, a coerência matemática é mantida; 3 indica a altura y da fonte.

O resultado, em um spread do miolo do livro:


Com o grid sobreposto; em vermelho, o espaço ocupado pela altura x da fonte no corpo de texto.


O resultado é uma mancha gráfica densa, sem o prejuízo da legibilidade. Porque a Charter ITC parece ter sido desenhada para ocupar 35% ou mais da entrelinha: no formato que segue as proporções 2:3, com o grid pensado de acordo com a altura x da fonte, 1/3 da entrelinha garantiu correlações geométricas bem-comportadas.


PS: Sobre as margens.
2:3 são as proporções de um retângulo áureo. Um retângulo áureo é formado por um quadrado e um retângulo composto por metade dos lados desse quadrado.

Para o livro em questão, adotei margens semelhantes às marcadas pelo diagrama de Villard, com algumas adaptações.



Sobreposição das manchas; em vermelho, a mancha definida a partir da proporção áurea; em azul, a mancha adotada. Em amarelo, o ponto áureo, determinado a partir do diagrama de Villard.



Mancha determinada a partir do cânone áureo. Os círculos pretos definem os pontos de interseção entre as retas traçadas e a definição da mancha. Proporções 2,6:3:4:6 para as margens.



A mancha adotada. Respeito aos cânones do diagrama de Villard, com a adoção de novos pontos de interseção para a definição das margens. Margem inferior e exterior definidas pela reta azul, marcada por metade da angulação entre a medianiz e a diagonal do livro.


por Amanda Meirinho, em 6.8.10 |




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"Nem por todo chá na China" é uma corruptela da expressão "nem por todo o chá da China", que quer dizer "nem que a vaca tussa", "nem daqui a mil anos", ou, enfim, "nunca". O título é uma tradução livre de um trecho de All my Little Words, The Magnetic Fields: Not for all the tea in China/Not if I could sing like a bird /Not for all North Carolina/ Not for all my little words.

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