galera se liga no meu tumblr FUCK ME HARD ZEUS apenas imagens do deus dos deuses mandando ver nas quebrada nao marginais



I WISH MY BROTHER GEORGE WAS HERE

Em fevereiro do ano passado Bruno deu para seu irmão um dvd com desenhos do Pernalonga, precisamente, "Aventuras com a Turma Looney Tunes volume 3", que contém 15 curtas, comentados, "restaurados, remasterizados, sem cortes", além de making offs, sete opções de som, etc, etc, etc. No último Natal, esse mesmo dvd foi adicionado à nossa dvdeteca, já que Bruno deu para Gabriel uma caixa com a coleção completa, o que, segundo a lógica dos irmãos, o levou a devolver o primeiro presente. Dentre as animações, tem uma chamada The Three Little Bops, que é uma versão da historinha dos três porquinhos ao som de um 12-bar blues, todo rimadinho, que o Bruno adora, mas que eu, pessoalmente, desprezo. Bem, em uma cena, um dos porquinhos, que é pianista, dá uma risadinha satânica, e diz:

Porquinho pianista: I wish my brother George was here!

Esse curta não vem com legendas e nem comentários, o que é grave, pois, como em todos os desenhos animados da Warner, vem recheado de referências perdidas de 1957 que me fazem sentir estúpida e desinformada em 2009. Então, mesmo desprezando o 12-bar blues, as rimas pobres, e, por conta da tradicionalidade obsessiva de Bruno, sendo obrigada a ouvir a mesma animação pelo menos uma vez ao dia, acabei por digitar "I+wish+my+brother+George+was+here" no google. E entrei para o maravilhoso mundo de Wladziu (Walter) Valentino Liberace.

Nascido em 1919 infame cidade de Milwaukee, Liberace é o ícone andrógino que faltava no meu panteão purpurinado. E não é só porque ele tem Valentino no nome. Liberace é o Listz de Las Vegas. Ele cozinhava em rede nacional em 1953 entre um número musical e outro. E ficava um ahazo no combo casaco de peles + lantejoulas + terracota.

Liberace morreu de complicações devido ao hiv em 1987, o que é eighties demais até pra mim. Mas ele teve a vida de RHYKAH que a maior parte das beeshas que eu conheço nunca sonharia em ter. No auge da carreira, chegou a ganhar 5 milhões de dólares ao ano, e isso na época em que a moeda não valia a meesharia de hoje em dia. Seu programa de tv chegou a ser reprisado dez vezes por semana, e não na Mtv, suas travas invejosas, e sim na New York - New York dos 1950's. A revista Time diria, em 1959, que "He (Liberace) is the summit of sex—the pinnacle of Masculine, Feminine and Neuter. Everything that He, She or It can ever want." Morra de inveja David Bowie. Corta os pulsos Elton John. Se enterra Morrissey. Liberace agora é a dona do meu coração.

A ameega tinha um irmão violinista chamado George, com quem às vezes dividia o palco em seu popular programa de tv. The Three Little Bops foi feito em 1957. Faz as contas, Amanda.

A tagline I wish my brother George was here! é marca registrada de um Liberace, morto há quase trinta anos, que eu, que não sou norte-americana e nem nasci nos anos 1950, sequer sonharia em conhecer. A Warner do século passado parecia não se preocupar muito em tornar seus desenhos animados em obra universal, recheando-os de referências que só quem saiu do elenco original de I Love Lucy poderia adivinhar. Isso é bastante irritante, porque transforma o que deveria ser diversão em um detestável jogo dos sete erros. É hipertexto demais para um desenho animado.

Mas isso só é válido para para obcecados como eu. Apesar de detestar a música de acompanhamento, tenho que admitir que The Three Little Bops é o tipo de light entertainment que, excluídas as referências obscuras, faz qualquer um dar umas risadinhas. É um daqueles desenhos cheios de gags que divertem um público bastante amplo; as crianças riem das presepadas do lobo trompetista, os velhos riem da falta de talento musical do lobo trompetista, e os adultos riem pois já ouviram muita bandinha overrated tocando pior do que o lobo trompetista. É o tipo de humor que não consegue ficar datado, pois é auto-referencial.

Aliás, se eu tivesse prestado mais atenção para o texto em inglês, teria notado que antes do porquinho pianista dar aquele sorrisinho infame, o narrador canta o seguinte trecho:

Narrador: Well, the piano-playing pig was swinging like a gate / Doing Liberace on the eighty-eights.

Tudo bem que até aí doing Liberace poderia ser qualquer coisa que não, literalmente, "fazer o Liberace". Liberace poderia ser um movimento musical, tipo stacatto. Doing Liberace poderia ser fazendo a liberal em alguma gíria cafona de 1950. Sei lá. Realmente, eu nunca poderia ter adivinhado que Liberace era essa deeva sagrada. Mas foi bom, que fiz essa mega coleta de dados e me senti instruída. Exatamente o tipo de diversão que alguém que não faz nada remotamente ilícito há mais de um ano poderia ter.

E, pra quem não conhece, segue o desenho animado em questão.



Para quem ficou tão fascinado pela aloca quanto eu, esse link sobre a vida de Liberace e o artigo da wiki (em inglês) devem ajudar.

A tagline I wish my brother George was here! aparece em outros desenhos da Warner, sempre que um personagem está "fazendo o Liberace" para o público. Não vi ainda a versão dublada de The Three Little Bops, conhecida por aqui como "Os Três Porquinhos Jazzistas", então, não sei como a referência foi traduzida. Mas, acho que nunca vou fazer isso. Não tenho paciência para mais 12-bar blues, ainda mais com rimas em português. Desprezível.

por Amanda Meirinho, em 4.4.09 |




3 comentário(s)
Blogger Rounds disse…

post nostálgico. é sempre bom relembrar.

até mais.

10 de abril de 2009 às 09:33  


Blogger Laurent Gabriel disse…

E aí, como é que vcs tão? Cerveja dia desses?

19 de abril de 2009 às 10:39  


Blogger Fábio François Fonseca disse…

bah, você também acha tudo desprezível! deixa de ser rabugenta! =P

pra pesquisa eu dou 10, com louvor!

2 de maio de 2009 às 20:30  


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"Nem por todo chá na China" é uma corruptela da expressão "nem por todo o chá da China", que quer dizer "nem que a vaca tussa", "nem daqui a mil anos", ou, enfim, "nunca". O título é uma tradução livre de um trecho de All my Little Words, The Magnetic Fields: Not for all the tea in China/Not if I could sing like a bird /Not for all North Carolina/ Not for all my little words.

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