galera se liga no meu tumblr FUCK ME HARD ZEUS apenas imagens do deus dos deuses mandando ver nas quebrada nao marginais



DESIGNER, SUJEITO AUTOR

Não sei se é culpa da forma como me relaciono com o mundo, mas é fato que de uns tempos para cá meus pontos de vista sobre arte têm sido pautados pelo julgamento d'"o que perturba" vesus "o que não perturba". E levo isso para tudo: do último clipe da Lady Gaga à exposição da Adriana Varejão.

Com meu trabalho não é diferente; embora eu não me considere uma artista, digo que um trabalho é bem-feito quando vai além do faz-caber. O problema é identificar o vai além. E, ao ler o artigo Designer as publisher, no Hyphenpress, me lembro das duas epígrafes iniciais para minha monografia, que, mesmo timidamente, não deixava de discutir o papel subjetivo do designer na criação de um livro:

Pode-se definir a tipografia como a arte de dispor corretamente materiais impressos de acordo com a finalidade específica de, ao arranjar dessa maneira as letras, distribuir o espaço e controlar o tipo de forma a ajudar ao máximo o leitor a compreender o texto.
Stanley Morrison

A arte é o pôr-se em obra da verdade.
Martin Heidegger
Entendo como responsabilidade do designer buscar alusões, de preferência facilmente compreensíveis pelo público leitor, entre o material textual que compõe o livro e seu projeto gráfico. E isso vale para todo e qualquer trabalho. Buscar no extenso léxico visual deste as metáforas que lhe sejam mais precisas é um exercício de sensibilidade, onde nem sempre as soluções mais simples são as mais adequadas.

O problema é: adequadas por quê?

Em geral, julgo inapropriado julgar a adequação deste ou daquele projeto baseando-se apenas em manuais regras tipográficas. Porque levando em conta apenas a tradição costuma-se deixar em segundo plano o papel autoral que muitos designers relutam em admitir, mas, que,via de regra, assumem, na composição das narrativas visuais dos livros que compõe.

A questão é entender as escolhas adotadas pelo projetista enquanto autor “visual” do livro sem classificá-las como ditadas apenas pelo “gosto pessoal”; portanto, subjetivas. Eu busco justificar essas escolhas por outro viés, onde é possível classificar o design editorial como uma espécie de “arte do livro”, do ponto de vista hermenêutico. Afinal, embora poucos projetistas considerem seu trabalho como artístico, é difícil não contemplá-lo como tal.

Pode-se dizer que a resposta do porquê da adequação como é certo para mim persiste. Mas a definição me parece mais ampla: É certo para mim porque sou capaz de perturbar para que mundo enxergue que é certo.

Se cada um pautasse sua percepção apenas a partir da sua própria experiência, não haveria espaço para o coletivo na criação artística. Quando o designer consegue convencer o mundo de que seu produto é um produto cultural, que condensa o espírito de mundo, ele é feliz.

A busca pela adequação entre palavra escrita e os signos imbuídos nas narrativas visuais é uma tarefa cansativa e, muitas vezes, uma armadilha para o designer. O segredo parece estar em não sobrepujar uma narrativa à outra, e buscar, sempre, que ambas caminhem lado a lado na apresentação física do objeto livro.

As soluções, porém, nunca são simples o suficiente para serem condensadas em súmulas. Em um trabalho onde não há fórmulas que não tenham sido derrubadas pela última vanguarda, vivemos em crise identitária, que reverbera em todo fazer que possa ser considerado como "artístico". As variáveis são muitas, e partem desde a observação empírica pura e simples do belo, até cálculos matemáticos para que se encontre a harmonia em uma folha de papel com texto impresso.

por Amanda Meirinho, em 12.7.10 |




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"Nem por todo chá na China" é uma corruptela da expressão "nem por todo o chá da China", que quer dizer "nem que a vaca tussa", "nem daqui a mil anos", ou, enfim, "nunca". O título é uma tradução livre de um trecho de All my Little Words, The Magnetic Fields: Not for all the tea in China/Not if I could sing like a bird /Not for all North Carolina/ Not for all my little words.

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