Em 3 de maio, o André Duchiade lembrou, no twitter, que
# Uma boa alma subiu uns vídeos incríveis do Wyatt - www.youtube.com/watch?v=0cOkUieKjNM e www.youtube.com/watch?v=7zXFE3lcFMoRobert Wyatt me sensibiliza. Esses vídeos, em especial, o de Sea Song, acabaram comigo.
10:39 AM May 3rd via web
Robert Wyatt teve uma consistente carreira musical antes de ficar paraplégico. Em primeiro de junho de 1973, aos vinte e oito anos, durante uma festa, pulou de uma janela do terceiro andar. Em consequência, perdeu seus movimentos abaixo da cintura. Logo depois, lançou Rock Bottom. Tanto Sea Song quanto Alifib são desse álbum.
Não sei o que mais me aterroriza nessa apresentação ao vivo de Sea Song.
A voz de Wyatt nessa gravação é perturbadoramente diferente daquela de Rock Bottom: é mais fanha, mais grave. Vê-lo numa cadeira de rodas também é estranho. Para mim, ele surge como uma aberração de circo; sentimento ruim, eu sei, mas é impossível escapar dele.
Segundo a Wikipedia, esse não é o único registro de Wyatt se apresentando em uma cadeira de rodas. Quando o cover de I'm a Believer alcançou a posição #29 no Top of the Pops,
Aconteceram várias discussões pesadas com o produtor do Top of the Pops com relação a seu desempenho em "I'm a Believer", tendo como base que sua aparência em uma cadeira de rodas "não era apropriada para os olhos de uma família". O produtor queria que Wyatt aparecesse em uma cadeira normal. Wyatt venceu a discussão e 'perdeu os panos mas não a cadeira de rodas'('lost his rag but not the wheel chair', provavelmente alguma expressão em inglês), e se apresentou de forma contrária.
Ao contrário de I'm a beliver, há algo que me escapa nessa imagem de Wyatt em Sea Song, algo que faz dele um verdadeiro artista, e não apenas um musicista. Um retrato definitivo e cruel da loucura, do gênio artístico, ou dos dois? Não sei definir.
Dizem que toda obra artística é passível de se classificada como tal devido ao "assombro" que provoca; e Wyatt em Sea Song me traz diversas sensações, para além da catarse pura e simples. Sua fragilidade me comove. Sua voz embargada me dá arrepios. Sua lírica ensandecida não me é indiferente. É simplesmente belo e perturbador, como poucas coisas são na música pop.
Depois de conhecer essa gravação, os registros de estúdio de Sea Song me decepcionam. Sinto falta da histeria vocal, da interpretação profunda e triste para poesia poderosa.
You look different every time you come
From the foam-crested brine
Your skin shining softly in the moonlight
Partly fish, partly porpoise, partly baby sperm whale
Am I yours? Are you mine to play with?
Joking apart - when you're drunk you're terrific when you're drunk
I like you mostly late at night you're quite alright
But I can't understand the different you in the morning
When it's time to play at being human for a while please smile!
You'll be different in the spring, I know
You're a seasonal beast like the starfish that drift in with the tide
So until your blood runs to meet the next full moon
You're madness fits in nicely with my own
Your lunacy fits neatly with my own, my very own
We're not alone
Sim, Wyatt. Você não está só.
por Amanda Meirinho, em 5.5.10 |
Que bacana, Amanda! Os vídeos são realmente lindos, fico feliz que se emocione com eles. Wyatt se tornou um dos meus artistas, não só músicos, preferidos de todos os tempos, como disseram uma vez sobre o Bruno Aleixo, "é muita alma. Rock Bottom todo é sensacacional, desconstrói todo o cara e também o rock, até a emergência dum outro non-sense que faz todo o sentido. Recomendo fortemente também o último dele, "Comic Opera", com Just as you are, que, para mim, é quase uma versão positiva de Sea song
Só um pequeno adendo, ele continua se apresentando esparsamente até hoje. I'm a believer foi a primeira apresentação após o acidente, que até hoje não se sabe se foi proposital ou não
Just as you are é a coisa mais doce do mundo. O vocal feminino é de uma brasileira, não é? Monica Vasconcelos. uma delícia, curto muito. bacana você ter citado!
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