galera se liga no meu tumblr FUCK ME HARD ZEUS apenas imagens do deus dos deuses mandando ver nas quebrada nao marginais



INTERLÚDIO: VIDA DE CASAL

Embalei o sono de Bruno com a história da extinção de uma civilização pré-inuit na Groenlândia medieval, o fracasso de Scott na Antártida, e o encontro de Stanley com David Livingstone no coração da África. Comentei também meus trechos favoritos de Lorde Jim, onde enalteci histórias sobre o fracasso, frequentemente superiores àquelas em que se alcança o sucesso com prudência e inteligência, tal qual a "conquista" real de Amundsen dos pólos norte e sul. Deveria ter comentado A Esfinge de Gelo, mas li Jules Verne na infância, de forma que minha memória sobre esse livro não está tão fresca quanto a do romance de Conrad, que li duas vezes: aos doze e aos dezessete anos.

Aproveitei para declarar meu amor à literatura "infantojuvenil" imperialista, em especial aos relatos reais, onde aventureiros arrogantes, tal qual Allan Quatermain, se embrenham em lugares "onde o homem branco jamais pisou" em busca de riquezas sem valor sentimental. Indiana Jones, Marlow, Henry Stanley, no mundo "real". O estúpido que se perdeu na selva brasileira, e teve sua suposta ossada encontrada por Rondon. Capitão Ahab, e o caixão de Quiqueg boiando no mar. Os livros de Jack London em que cães que se tornam lobos, e lobos se tornam cães; O Chamado da Floresta, Caninos Brancos e O Lobo do Mar. Paixões impossíveis, vontade de potência, teimosia.

Terminamos nossa conversa com pareceres sobre a vida sexual dos nossos amigos, e o barulho do choro solitário do Arthurzinho, que não conseguia dormir com as vozes entusiasmadas de seus pais no quarto ao lado.

A solidão é meio frango de padaria apodrecendo na lixeira do seu vizinho.

por Amanda Meirinho, em 15.3.10 |




2 comentário(s)
Blogger Amanda Meirinho disse…

As impressões de Bruno sobre a extinção da colônia pré-inuit na Groenlândia medieval foram pauta para mais uma conversa apaixonada no dia seguinte. Compartilhamos o mesmo fascínio por histórias masculinas de fracasso, e essa é uma das nossas maiores afinidades. Nós não temos uma música ou um filme "do casal", mas amamos histórias, reais ou não, em que a impotência e a falha fazem delas relatos grandiosos e belos.

É isso o que nos faz mais fortes, afinal?

15 de março de 2010 às 07:27  


Anonymous Anônimo disse…

Vai ver que é por isso que Moby Dick faz tanto sucesso. Nada mais interessante do que a obsessão humana por superar seus limites. Alias, essa obsessao só pode ser realmente colocada a prova quando finda em fracasso e morte. Pois só ali é que se pode ter certeza de que a tentativa de superar os limites foi levada a sério, até as últimas consequencias...

15 de março de 2010 às 07:48  


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"Nem por todo chá na China" é uma corruptela da expressão "nem por todo o chá da China", que quer dizer "nem que a vaca tussa", "nem daqui a mil anos", ou, enfim, "nunca". O título é uma tradução livre de um trecho de All my Little Words, The Magnetic Fields: Not for all the tea in China/Not if I could sing like a bird /Not for all North Carolina/ Not for all my little words.

Header: Leda e o Cisne, Giampietrino, 1495–1549.

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