galera se liga no meu tumblr FUCK ME HARD ZEUS apenas imagens do deus dos deuses mandando ver nas quebrada nao marginais



TALK SHOP 3

Em um trabalho sujeito a tantas emoções quanto o de designer de livros, não é raro que um ou outro projeto, em especial de capa, acabe sendo ajustado, refeito, ou, simplesmente, recusado. Como trabalho em uma editora cujo catálogo é quase que inteiramente composto por livros de estudo, esse tipo de sabatina é incomum, já que os autores estão, em sua maioria, preocupados apenas com a legibilidade pura e simples de seu texto. Há exceções, porém, como é o caso da publicação em questão.

Trata-se de um livro de história, precisamente, a História, em sua acepção hegeliana, das relações de trabalho no Rio de Janeiro das décadas de 1930 a 1960. É um texto bastante relevante, calcado na pesquisa iconográfica da autora a partir de fotografias, a maioria em péssimo estado, do período em questão. O texto é denso, tendo o miolo, até agora, mais de 400pp, composto em um formato que considero especialmente bonito para livros de texto, que é o 405X645pt, ou 14,2X22,7 cm.

Não entrarei em detalhes sobre o grid e as escolhas tipográficas do miolo, pois creio que o projeto ainda precisa de alguns (poucos) ajustes, principalmente nos parágrafos de abertura das partes. Me limitarei, aqui, a exibir as duas versões propostas da capa do livro, antes, e depois da sabatina feita pela autora.

Antes

Depois

Vale dizer que já existia uma versão anterior da capa previamente aprovada pela autora, mas que obtive carta branca, por parte do editor, para alterar. Por questões éticas, não publicarei essa versão da capa; digo, porém, que a fotografia estava alinhada na extrema direita, com uma moldura azul clara, sob um fundo azul escuro, e que o título aparecia em versalete, em letras pequenas, com o nome da autora logo abaixo, alinhado à direita, assim como a foto.

A autora se demonstrou bastante descontente com a primeira versão da capa feita por mim, em primeiro lugar, por causado acetato, depois, porque a fotografia vazava para a orelha, de forma que na primeira capa, ela aparecia "cortada", e, enfim, porque o livro era preto, e ela já possuia um outro livro preto publicado pela casa editorial. Após algumas negociações com o editor e com a publisher, decidiu-se que a fotografia apareceria, sim, "inteira" na capa, mas que não, o livro não seria azul, e nem seria mantida a primeira versão da capa aprovada pela autora, material classificado, no calor da discussão, como "sem personalidade".

Preocupada com seu livro, dois dias depois a autora fez uma visita inesperada à editora, advogando ainda o retorno à capa antiga, sem, porém, ter olhado a segunda versão da capa feita por mim. Após discutir com a publisher, a autora, enfim, veio à minha mesa, olhou a capa nova, e, após algumas pequenas modificações, se mostrou satisfeita.

Tenho uma relação especial com meu trabalho, pois, verdadeiramente, amo o que faço, mas busco cultivar o desapego ao fruto do meu trabalho: o livro em si. Não sou uma artista plástica, e nem busco me expressar de forma necessariamente artística. Me ponho no papel de funcionária, sem ser burocrática, porém; não há decisão minha que seja arbitrária, pois sei que não sou "dona" do produto em questão. Mas gosto ressaltar que sei o que estou fazendo.

Pessoalmente, prefiro a primeira versão da capa, apesar da segunda não estar de todo ruim. A primeira capa obriga o comprador a abrir o livro para ver a imagem completa, que se dispunha de forma mais interessante do que na segunda versão. As orelhas, assimétricas, dão ao livro um ar diferenciado também, mas o tamanho da fonte (Helvetica Neue) está muito reduzido, dificultando a leitura dos textos de orelha e de quarta capa.

A segunda versão não é visualmente tão rica quanto a primeira, embora a imagem com a opacidade reduzida ao fundo tenha dado um up em sua aparência. O livro ficou, sim, mais "quadrado", e meu esforço em reforçar a verticalidade do formato escolhido foi para o espaço, mas creio que, dadas as limitações, consegui agradar a gregos e troianos sem me sentir, de todo, traída.

Esse tipo de sabatina costuma ser positivo, pois nos leva a pensar que, para além do nosso ego, os diversos atores que contribuem para a construção do livro são, e SEMPRE SÃO, pessoas. O que não mata, fortalece. E o resultado final até que ficou bastante bom, não?

por Amanda Meirinho, em 16.7.09 |




2 comentário(s)
Anonymous Bruno Aleixo disse…

Eu conheço essa pessoa. Ela é minha maior fonte de renda. Para que saiba, sou macumbeiro aqui em Coimbra: faço despachos e trago a pessoa amada em três dias. O que tem de gente que não gosta dela…

Aposto que ela dorme de calça jeans e tem a carranca mais bisonha do que a do Busto quando acorda a meu lado.
Ops.

23 de julho de 2009 às 06:10  


Anonymous Anastha disse…

Porque quando vc pensa que não pode piorar... Vem o momento foto do autor na orelha. Me divirto muito com tudo isso...
obs.: eu confesso, tenho preguiça de clicar nas imagens e ainda ter que esperar carregar para vê-las ampliadas, o que prejudica a minha avaliação sobre os posts. Mas... como qualquer opinião minha se manifestada será fatalmente rechaçada... isso não importa tanto. Obviamente, esse post também será rechaçado. Então, fico por aqui.

23 de julho de 2009 às 12:26  


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"Nem por todo chá na China" é uma corruptela da expressão "nem por todo o chá da China", que quer dizer "nem que a vaca tussa", "nem daqui a mil anos", ou, enfim, "nunca". O título é uma tradução livre de um trecho de All my Little Words, The Magnetic Fields: Not for all the tea in China/Not if I could sing like a bird /Not for all North Carolina/ Not for all my little words.

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