galera se liga no meu tumblr FUCK ME HARD ZEUS apenas imagens do deus dos deuses mandando ver nas quebrada nao marginais



MEUS VINTE ANOS NÃO VOLTAM MAIS

Quando eu tinha uns cinco anos, me lembro de ter construído mentalmente um retrato, meu, dali a dez anos, que diferia drasticamente da minha imagem aos quinze. Achava que teria cabelos compridos, alourados, caindo pelos ombros, e que estaria na Disneylândia, usando uma camiseta de lambada e calça jeans desbotada (era moda). Bom, aos quinze eu não só nunca tinha ido à Disneylândia, como também usava cabelos curtos, e tinha um guarda-roupa originalíssimo 1982, construído muito antes da new rave estourar.

Aos cinco anos eu sabia que iria me envolver com muitos homens, e que ia me dar mal algumas vezes. Eu estava certa, mas as coisas eram mais teatrais: imaginava as brigas de casal em noites de raios e trovões, com sombras desenhadas pela parede, como em um videoclipe da Bonnie Tayler. Não é exatamente assim que as coisas acontecem, e embora eu tenha tido realmente algumas brigas de casal em noites de raios e trovões, a maior parte delas aconteceu na cozinha, à tardinha, naquela hora triste em que todo mundo precisa dormir, mas ninguém consegue.

Também tinha certeza que um dos meus namorados tentaria me matar, precisamente, o menininho por quem eu era apaixonada no jardim de infância, talvez porque ele nunca tenha brincado comigo, talvez porque ele fosse minha única referência sexual aos cino anos. E era um história comprida, onde ele me seduziria, e, após uma noite de quejos e vinhos ao luar, raios e trovões, ele rouba o cofre em cima da lareira e tenta me matar. Mas nenhum namorado tentou me matar, ainda, embora eu já tenha tentado matar, sem sucesso, alguns deles. Principalmente de remorsos: nada mata melhor do que o "não fiz".

Aos cinco anos eu tinha certeza de que seria uma escritora bem sucedida, em uma mansão no meio da floresta, estrela de romance de Stephen King. Por sorte, repensei esse projeto de vida ainda cedo, aos oito anos, quando decidi que iria fazer comunicação social. Agora, não sou escritora, mas ainda faço livros, o que é interessante, porque descobri que um livro é tanto (ou mais) o trabalho da edição quanto o original mandado pelo autor.

Com cinco anos, eu achava que seria uma mulher exuberante quando adulta. Só que meu conceito de "mulher exuberante adulta" na época era a Meryll Streep, possivelmente, usando ombreiras e maquiagem pesada nos olhos. Hoje eu sei que sou uma "mulher exuberante adulta", mas não uso ombreiras, nem maquiagem, sequer me pareço com a Meryll Streep.

Aos cinco anos, na verdade, eu só queria uma coisa: me casar com a Fera da "A Bela e a Fera". Deu certo. Só que não imaginava que seria tão feliz.

Feliz aniversário para mim.

por Amanda Meirinho, em 10.6.09 |




0 comentário(s)

Postar um comentário

<<



"Nem por todo chá na China" é uma corruptela da expressão "nem por todo o chá da China", que quer dizer "nem que a vaca tussa", "nem daqui a mil anos", ou, enfim, "nunca". O título é uma tradução livre de um trecho de All my Little Words, The Magnetic Fields: Not for all the tea in China/Not if I could sing like a bird /Not for all North Carolina/ Not for all my little words.

Header: Leda e o Cisne, Giampietrino, 1495–1549.

rss | portfolio |e-mail | linkedIn | facebook | last fm | twitter | tumblr