galera se liga no meu tumblr FUCK ME HARD ZEUS apenas imagens do deus dos deuses mandando ver nas quebrada nao marginais



WHEN I SAID I WANTED TO BE YOUR DOG

Não sei se é a nova mania do facebook, ou se é uma espécie de culto que nós, as pessoas brancas, estamos seguindo desde a semana passada, mas fui convidada pela Caroline para fazer uma capa de disco falsa, e topei. Como estava me prostituindo no Crowd Spring, aproveitei o embalo e, no illustrator, ajustei a foto, inseri uns elementos decorativos, me mantive fiel à helvetica, e pronto, tá ótimo.

No final, até que fiquei orgulhosa do meu desssaine, mas, por sorte, logo comecei uma conversa com Caroline no facebook talk (o novo google talk), e botei meus pés no chão. Por um segundo, me deu uma vontade de só fazer capas de disco. De ter alguma liberdade criativa, de ser artista plástica. Mas, no embalo da conversa, citei o Crowd Spring, e me lembrei que a vida é dura e o buraco é sempre mais embaixo. Como o caso do logotipo da padaria vegan de Milwaukee.

O pessoal dessa padaria não lida com proteína animal, e, portanto, fazem produtos vegan, mas não querem ser taxados como tal, pois muita gente tem preconceito contra o veganismo. Bem, eles são uma padaria tradicional no Wiscosin, e se descrevem como "warm fuzzy", além de um pouco esquisita, no bom sentido, bem como seus clientes, "hard working middle class folks". Parece que em breve vão abrir um café e, quem sabe, uma cadeia de lojas, precisando, portanto, criar uma identidade visual para o negócio. No briefing, dizem que estar procurando um logotipo simples, limpo, com elementos "padarísticos" talvez, mas sem excessos.

Tendo isso em mente, fiz um logotipo fofinho pra eles, quase todo tipográfico, que parecia feito à mão. Não recebi feedback. Os caras então postaram um comentário geral no projeto dizendo que estavam procurando uma coisa mais moderna, e deram 4 de 5 estrelas para um logotipo que era um muffin com o nome da padaria (que é composto por três palavras) dentro dele. Eu não entendi nada. Eles disseram que queriam algo retrô no briefing, depois dizem que curtiram as logos modernosas, e dão um rate alto para aquela porcaria dentro de um muffin. O pior: era uma fonte serifada. Em versalete. E o muffin era um muffin default do corel. Enfim, eles disseram que esse logo era muito legal, mas que os muffins deles tem um prepúcio gigante de baunilha no topo, e eles queriam que o muffin do logo se parecesse mais com os deles. E isso não é tudo. Eles queriam ainda incluir um slogan idiota, além de inserir alguns outros produtos da padaria deles, como uma torta, por exemplo, ou pelo menos uma fruta, de preferência, uma cereja. Ia ficar melhor ainda se o nome da padaria estivesse dentro dessa cereja.

No site tosco da padaria o único produto ilustrado são os cookies. Mas, ok, respira fundo. Eles são do Wiscosin. O Wiscosin deve estar pros EUA como o interior do Mato Grosso está para o Brasil. Então, mãos à obra.

Ignorei o slogan, pois eles queriam que o logotipo pudesse ser diminuído para 2x2 polegadas, o que deixaria qualquer informação não-essencial totalmente ilegível, e fui à luta. Após alguns ajustes, o resultado saiu assim:
Fofíssimo, não? Bem, está tudo aí. Duas opções de cores, o muffin escalafobético, um ramo fde trigo, e a torta. EU NÃO ESCREVO NOMES DE PADARIA DENTRO DE MUFFINS, ainda mais o muffin TENDO QUE ter a cobertura de baunilha. EU NÃO ASSOCIO UMA PADARIA SOMENTE A UMA CEREJA, pois pra mim quem usa fruta na hora de se vender é o Hortifruti.

O comentário: I like this logo the best so far... I like the bottom text.. but "ovens" should be capitalized. ...

Não tem problema, a gente capitaliza o "o"vens, e ainda põe a porra da cereja, já que é uma questão de vida ou morte.

O resultado, revisto:
Cereja, ok, muffin com prepúcio, ok. Três elementos em uma logo que deveria ser super simples. Quero morrer.

Ainda não recebi resposta.

Enquanto isso, eles elogiaram um logo quadrado, estilo web 2.0, que tinha uma cereja dentro do "d" de "east siDe ovens". O comentário: I like this one alot... do we get all 4 for the price of one. Can we put a cherry in one.. and other fruit in others? I guess there isn't much room. Uma das coisas que eles resaltaram no briefing é que uma logo mais 'redondinha" caía melhor com a empresa do que uma "blocada". Eu fico realmente muito puta com isso.

Antes de pegar esse caso, vegans para mim eram vegetarianos bem vestidos que usavam mac. Mas, depois de ouvir o depoimento de um verdadeiro vegetariano como o Bruno, descobri que vegans levam uma vida rústica, rezam um mantra antes de comer, não comem em frente à tv, e, principalmente, nunca comeriam em frente a um computador, o que excluiria mais da metade dos usuários de mac. Ouvi a opinião de alguns amigos sobre vegan, a maioria mais mal-informada do que eu: para Jeane, os vegans são algo entre metaleiros e satanistas; para Robson, vegan imprime "lilás", "magreza" e "havaianas". A primeira coisa que esses donos de padaria vegan pediram foi pra incluir foi "verde floresta" e "vermelho cereja", cores do Natal, em seu logo. E NATAL ME LEMBRA QUALQUER COISA MENOS COMIDA VEGAN. Oh dear. É chegada a hora de tirar algumas conclusões.

Em primeiro lugar, antes de serem vegans, esses caras são donos de padaria. Eu não conheço gente mais estúpida do que donos de padaria. A vida para eles é fechar o livro caixa com o máximo de lucro no final do dia. É obrigar os funcionários a tirarem férias na semana de Natal para poderem descontar o máximo de feriados o possível. Não se pode exigir que donos de padaria saibam pra que serve e como funciona um logotipo.

Em segundo lugar, o Crowd Spring é uma ode ao amadorismo. Lá, você, usuário do corel draw, pode extravasar o seu designer interior e, quem sabe, faturar uns duzentos dólares fazendo um serviço que deveria ser feito por qualquer um mais profissional do que você, se o cliente não fosse tão pão-duro, é claro. É quase um acinte pra quem leva as coisas à sério, como eu e uma meia dúzia de usuários. Mas é uma boa alternativa para quem não tem muito o que fazer e espera engrossar seu portfolio antes de cair de cabeça no mercado. Se bem que tem muita gente que faz do Crowd Spring e similares seu próprio mercado.

Por fim, é um inferno trabalhar com pessoas. Principalmente se elas estiverem pagando. O cliente não sabe muito bem o que quer, mas acha que sabe, e no final acaba seduzido por conta de um "achismo" que ninguém sabe da onde veio. Eu odeio quem não sabe avaliar um design, e é incumbido de fazê-lo, principalmente se tiver alguma relação pessoal com o projeto. As escolhas com muita frequência, esbarram no desejo do outro, e foda-se se você decorou o livro do Tschichold.

Eu me sinto uma pro. Uma prostituta.

Pra quem quiser averiguar, é só clicar nesse link. Cuidado para não ter sua sensibilidade ferida com as propostas de certos "designers". The horror. The horror.

por Amanda Meirinho, em 11.3.09 |




4 comentário(s)
Blogger caroline g. disse…

esse post teve um sabor de mágoa, de birra de criança! pare e reflita (ok). porque assim, o cliente pode ser um dono de padaria, um professor de jardim, até um jardineiro(!!!), mas ele é seu cliente e é ele quem te paga. não que ele tenha sempre razão, eles quase nunca têm, mas dificulta quando a gente desautoriza os outros. é um saco quando desautorizam a gente como designer/diretor de arte, igualmente. se você não aprender a se descolar um pouco do seu trabalho, cada job vai ser um parto e você deve saber que não é fácil. é aquilo que você gerou com tanto carinho se apresentando pros perigos do mundo... fora isso, tem todo aquele lance do crowdspring que discutimos mesmo né? enfim...
à parte disso, esse contraste desse pied de poule tá fazendo meio foda de ler. hahaha...

beijinho,
carola

16 de março de 2009 às 09:07  


Blogger Amanda Meirinho disse…

carol, esse post foi feito depois de 48 submissões de logo, minhas, de outros designers, e de outros pseudo-designers. deu tempo de parar e refletir o suficiente para entender que esse pessoal não sabe o que quer, confunde simples com simplório, e, agora, está pedindo para chamar a padaria de ESO (OI???).

depois, essa foi minha primeira submission no crowd spring. via de regra os clientes tem mais bom senso do que essa galera. você, que trabalha com publicidade, sabe melhor do que eu como um cliente pode ser completamente obtuso e extremamente confuso a respeito de si próprio. é aquele lance do "classifica-te a ti mesmo, e te direi que NÃO és". =)

16 de março de 2009 às 11:08  


Anonymous Anônimo disse…

nossa o pied de poule tá foda mesmo. que tal outros tons? não que você tenha que abandonar, afinal o blog é só pra isso!

meu, me senti obrigado a vir aqui e dizer que fui nesse site, me cadastrei e que o seu logo é muito bom frente ao povo que postou lá. impressionante. não sei se é exatamente simplória a que está ganhando com 4 estrelas, pois também me agrada, mas o seu trabalho é excelente. don't let it be misunderstood.

ps. nem sei se você se lembra de mim. mas nos temos no facebook.

beijos
raafa medeiros

(o blog do link é um no qual estou trabalhando... um peça nova do kike)

16 de março de 2009 às 15:53  


Anonymous Marcell disse…

pois, sim.

concordo com você.

sabe como cheguei aqui? digitando 'crowd spring' no google, hahaha.

o problema é que na verdade quem tá lá postando os projetos não são designers.

ou seja, o gosto vai bater mais forte que um conceito passado por você em uma frase.

esse post é velho, mas, pergunto-lhe: já conseguistes ganhar algum projeto lá?

amplexos :)

24 de agosto de 2009 às 16:46  


Postar um comentário

<<



"Nem por todo chá na China" é uma corruptela da expressão "nem por todo o chá da China", que quer dizer "nem que a vaca tussa", "nem daqui a mil anos", ou, enfim, "nunca". O título é uma tradução livre de um trecho de All my Little Words, The Magnetic Fields: Not for all the tea in China/Not if I could sing like a bird /Not for all North Carolina/ Not for all my little words.

Header: Leda e o Cisne, Giampietrino, 1495–1549.

rss | portfolio |e-mail | linkedIn | facebook | last fm | twitter | tumblr