galera se liga no meu tumblr FUCK ME HARD ZEUS apenas imagens do deus dos deuses mandando ver nas quebrada nao marginais



GLORY TO THE WORLD

Fazia quase um ano que não falava com Renault. Ele é um cara bacana. Quando nos conhecemos, ele era um stalker do meu fotolog e eu a dona de um fotolog, daonde se conclui que dali não saiu muita coisa. Mas Renault sempre me passou uma boa impressão, mesmo tendo nos encontrado, que me lembre, apenas duas vezes, no show do Cocorosie, em 2006, e no show do Afrika Bambaataa, em 2008. Aliás, Renault parecia achar muito divertido inserir mais alguns "a"s em Bambaataa. O som daqueles "a"s ficou na minha cabeça por um tempo, já que estava no início da gravidez, e aquela foi a última vez em que tentei ir a um show com um bebê na barriga. Tentei, porque dei três tragos em um baseado que me deixou chapada demais para me manter em pé. Só me lembro de sentar ao lado da Clarice e ouvi-la me perguntar, lá longe, se eu a estava seguindo, o que não deixava de ser verdade, já que eu estava procurando desesperadamente alguém que parecesse lúcido naquele lugar. Aliás, essa foi a última vez que vi Clarice. Parece que ela só sai com meninas agora.

Bem, eu acabei saindo da Fundição Progresso, de táxi, alguns minutos depois de ter entrado, escoltada pela Patricia Froes e uma amiga. Elas devem ter achado muito esquisito eu ter aceitado a carona quando viram que eu realmente morava a uma quadra da Fundição, mas eu estava passando muito mal: não tive como recusar a gentileza. No táxi, elas falaram sobre como tinha sido uma má idéia ir para aquele show, que deveriam ter continuado no Nova Capela, pedido uma sobremesa, e ido para casa. Meses depois, encontrei Patricia, com outra amiga, tomando uma caipirinha no Nova Capela. Ela parecia estar tendo aquele tipo de girl talk onde um "oi" de uma mulher casada como eu soaria simplesmente inapropriado. Pedi o salsichão branco e tentei conversar com Bruno, enquanto todas as mesas vazias eram rapidamente ocupadas. O Nova Capela é um lugar desagradável às oito da noite de um sábado.

Quando íamos a Nova Capela, Bruno, que é vegetariano, se alimentava basicamente da minha salada de batata e dos pães do couvert. Eu sentia um pouco de pena, mas não protestava. Estava naquela fase de desejos, da qual não sei se saí realmente, já que passei quase vinte anos da minha vida nela. Fato é que eu só queria saber daquele salsichão branco, da salada, do pão, e de conversar com Bruno alguma banalidade que soasse extraordinariamente profunda, de preferência, arrancar dele alguma confissão de amor. Mas Bruno é esperto demais para confissões, e nunca me disse "eu te amo" quando eu realmente esperava. Um dia, Bruno me convenceu que era melhor controlar a ingestão de sal, já que estava ficando muito inchada, e passamos a frequentar de novo o Gohan. Não protestei, já que a comida do Gohan é mais saudável, e lá eles não trabalham só com Pepsi, o que realmente me incomodava no Capela. Almoçar ou jantar no Gohan se tornou um ritual obrigatório em nosso final de semana, principalmente quando incluía o Magela, que, naquela época, estava separado da Helena. Magela é o grande amor de Bruno, depois de Arthur, nosso filho, que é apenas um bebê. Há algumas semanas jantamos no Gohan com Magela e Arthur, o que me deixou muito feliz, já que fazia dois meses que eu não comia fora de casa. Gostaria que fizéssemos isso mais vezes, já que a comida de Bruno é extremamente sem sal. Estou de dieta, aliás.

Ir ao Nova Capela, e, depois, ao Gohan, foram minhas únicas diversões na gravidez. Passei a maior parte do tempo ouvindo um podcast de música barroca no itunes, e, como não tinha disposição para re-re-reconstruir minha biblioteca musical, me ative a comparar a execução de algumas peças-chave de Bach, e, se estivesse de bom humor, um pouquinho de bossa nova, precisamente o Elis & Tom, que Arthur tanto parecia gostar. Me tornei quase músico-fóbica, chegando a ter ânsias só de ouvir qualquer coisa parecida com Metronomy, o que é uma pena; eles são muito bons. Quando me dei por mim, cantarolava com saudades alguns versos do Jens Lekman, procurando em vão alguma música dele na minha playlist. Onde foi parar meu Kortedala?

Foi quando percebi que era hora de voltar.

Fazia quase um ano que não falava com Renault. Ele estava online no messenger.

"então
eu notei que passei o ano pasado inteiro sem baixar música NENHUMA
SÓ OUVINDO BACH
(coisa de grávida)
o máximo que cheguei foi metronomy, que parei de ouvir no terceiro mês de gravidez. me dava enjôo.
isso foi em... março. desde então fiquei em casa, me dedicando a gestar um bebê que só nasceu em dezembro.
porém, passado um ano, estou com vontade de me atualizar. bem, não exatamente me atualizar, mas saber o que as pessoas ouviram em 2008, o ano que passei grávida.
então
o que você me recomendaria, de 2008, para ouvir em 2009?"


Renault foi prestativo, e me indicou algumas bandas, como Dntel, Likke Li, Kaki King, devidamente incluídas na minha playlist. Mas, como toda idéia leva à outra, ouvir as bandas... novas... que Renault me indicou não me fez ter exatamente vontade de me atualizar no mercado fonográfico contemporâneo, e sim de olhar para atrás, e, com muito cuidado, re-re-reconstruir minha biblioteca musical. Foi aí que baixei o cd de 2008 El Perro del Mar.

Sarah Assbring para sempre estará marcada na minha memória como a cantora que não estava lá. Ela ia se apresentar com o Jens Lekman e o (chato do) Erland Oye em um show erroneamente chamado "Invasão Sueca" em 2006, no Teatro Odisséia. Chequei no site do Jens, e tive uma estranha surpresa: o show foi em 14 de dezembo de 2006, data do aniversário de 34 anos de Bruno, o qual não estive presente, pois só fomos nos conhecer alguns meses depois. O fato de Sarah não ter se apresentado àquela noite me fez criar uma espécie de antipatia por El Perro del Mar, como se a moça não houvesse realmente passado mal no Hotel Glória como nos foi informado, e sim decidido não se apresentar por pura coqueteria. Antipatia que se dissipou alguns meses depois, em 2007, quando Caroline me passou o mp3 de Party, faixa 3 do disco début da cantora. Pronto. Havíamos feito as pazes.

O videoclipe é de Glory to the World, do último álbum de Sarah, From the Valley to the Stars. É um álbum muito bom por sinal, mas posso estar sendo influenciada depois de um ano sem ouvir música pop.



A direção é de Emily de Groot, a mesma que fez o clipe de Party.

Até mais.

por Amanda Meirinho, em 22.2.09 |




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"Nem por todo chá na China" é uma corruptela da expressão "nem por todo o chá da China", que quer dizer "nem que a vaca tussa", "nem daqui a mil anos", ou, enfim, "nunca". O título é uma tradução livre de um trecho de All my Little Words, The Magnetic Fields: Not for all the tea in China/Not if I could sing like a bird /Not for all North Carolina/ Not for all my little words.

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